Ossufo Momade com discurso para o inglês ver

Zito do Rosário Ossumane

Por Zito do Rosário Ossumane

É com pesar que assisto, uma vez mais, o trôpego discurso de Ossufo Momade, este sim, o verdadeiro derrotado das eleições. Surge, cabisbaixo, a lançar mão de argumentos já desgastados sobre alegadas irregularidades, responsabilizando a CNE pelas manifestações que pipocam pelo país. Mas é preciso ver o que está por detrás desse discurso: uma tentativa desesperada de resgatar a sua já ofuscada relevância no cenário político moçambicano. Ele diz que recorrerá às instituições internacionais, incluindo a União Europeia, para fazer valer a verdade eleitoral.

 

É aqui que reside o grande problema do Sr. Momade. O cálculo do timing político, do quando e do como, sempre lhe escapa entre os dedos. Enquanto ele se ocupa em conjecturas sobre o apoio de instituições externas, a plataforma Decide, encabeçada pelo activista Wilker Dias, já havia se antecipado. Dirigiram-se à Gâmbia, sede da Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, e pediram directamente a intervenção na anulação de processos eleitorais em distritos onde o direito político dos cidadãos foi impiedosamente negado. Um acto que, sem dúvida, soa mais eficaz e determinado que o discurso vazio de Ossufo.

 

É curioso, para não dizer absurdo, que o senhor Momade exija responsabilidades da CNE como se esta fosse uma ilha de poder à parte, intocada pela influência política. O STAE e a própria CNE são corpos políticos, sim, onde Renamo e Frelimo dividem o leme e comandam conforme lhes apetece. Então, acusar a CNE de imparcialidade soa a mero escapismo – uma tentativa de desviar a atenção das fraquezas estruturais que ele próprio ajudou a perpetuar.

 

Este discurso de Ossufo é, portanto, para inglês ver. Nenhuma ameaça real, nenhuma estratégia de mudança concreta – apenas o mesmo vazio de sempre. No seu discurso, ele ainda menciona a defesa do povo, sem nunca esclarecer como pretende fazer tal façanha. Mais uma vez, Ossufo nos joga areia aos olhos, depois do “burro morto”, ou seja, tarde demais.

 

Que não sejamos mais iludidos por palavras que não pesam nada; Moçambique precisa de liderança forte e genuína, não de figuras que, na hora crítica, revelam a sua essência desorientada e desacreditada.

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