O Partido Frelimo recuou na sua pretensão de realizar uma marcha nas artérias da cidade de Quelimane, um bastião da oposição há 14 anos, liderado por Manuel de Araújo. A decisão de avançar sem o cumprimento das formalidades legais exigidas para manifestações públicas gerou um embaraço político e foi amplamente interpretada como uma atitude de arrogância e afronta às autoridades locais.
De acordo com fontes próximas ao Conselho Autárquico de Quelimane, a Frelimo não submeteu o aviso formal às autoridades, como preconiza a Lei de Manifestações e Reuniões Públicas. Esta irregularidade levou o gabinete do Presidente Manuel de Araújo a emitir um ofício formal aos órgãos da administração da justiça e à polícia, alertando para o desrespeito à legalidade.
Mesmo assim, a Frelimo tentou levar a marcha avante neste sábado. Contudo, devido aos claros indícios de possíveis confrontos com os munícipes, a iniciativa foi cancelada em cima da hora. Como alternativa, os membros da Frelimo reuniram-se no salão de jogos do Benfica em Quelimane, mas nem ali escaparam à pressão popular.
Os manifestantes que têm marchado diariamente pelas ruas da cidade a partir das 13h circundaram várias vezes o local onde se encontravam os membros do partido, elevando os ânimos e quase provocando confrontos com a polícia. A tensão foi palpável, refletindo a frustração acumulada da população perante a falta de respostas às suas demandas e à tentativa da Frelimo de se impor num território dominado pela oposição.