Por Zito do Rosário Ossumane
A ausência da bancada da Frelimo na IV Sessão da Assembleia Autárquica de Quelimane ontem é um acto que vai muito além do desrespeito institucional. Trata-se de uma afronta ao povo Quelimanense, que assistem à degradação das suas condições de vida enquanto os representantes de um partido com quase meio século no poder priorizam interesses pessoais.
A Frelimo, num claro gesto de irresponsabilidade monumental, prefere chantagear a aprovação de documentos importantes — como o Plano de Actividades e Orçamento para 2025 e o Novo Código de Posturas Municipais — e usa os subsídios de seus membros como moeda de pressão. Este comportamento é absolutamente vergonhoso e demonstra que, para a Frelimo, a barriga dos seus membros pesa mais do que os interesses públicos.
É de recordar que estamos a falar de um partido que, em todos os níveis, vem falhando em honrar os seus compromissos com o povo. Professores, polícias, militares e outras classes trabalhadoras passam meses sem salário, num país onde o custo de vida aumenta vertiginosamente. Os retroactivos em débito a várias classes somam milhões, enquanto a mesma Frelimo recusa canalizar os Fundos de Compensação Autárquica, obrigatórios por lei, colocando em risco o funcionamento normal dos governos locais.
Em vez de comparecer à sessão para discutir soluções que poderiam aliviar o sofrimento dos munícipes, os membros da Frelimo preferem boicotar o debate, numa clara demonstração de desinteresse pelo destino de Quelimane. Aliás, a Frelimo tem mostrado reiteradamente que não governa para o povo, mas para perpetuar os seus esquemas de enriquecimento.
Não se pode falar da grave situação económica e social que Moçambique atravessa sem apontar a principal culpada: a má governação da Frelimo. Quase 50 anos de poder resultaram num país endividado, com infraestruturas precárias, serviços públicos desfuncionais e um povo mergulhado na pobreza. As manifestações que ocorrem de Norte a Sul do país são a prova de que os moçambicanos estão fartos de ladroagem e corrupção.
Ao boicotar as sessões e exigir prioritariamente subsídios em vez de discutir soluções, a Frelimo demonstra claramente o seu total alheamento às dificuldades da população. Chegou a hora de responsabilizar este partido pela sua incompetência. O sofrimento do povo moçambicano é resultado directo de uma administração predatória que privilegia a classe dirigente em detrimento da maioria. Ninguém mais suporta este modelo de governação. Moçambique precisa de lideranças comprometidas com o bem comum, e a Frelimo, claramente, já demonstrou que não tem lugar nesse futuro.